Fiquei pensando sobre três coisas: sobre a lei de bares fecharem depois das onze da noite, da proibição do fumo em estabelecimentos fechados e sobre a lei seca imposta aos motoristas, com o propósito de beneficiar a população com mais saúde e menos violência... Bobagem pura!
E o lado social de tudo isso? Deixamos de nos relacionar com os principais meios de socialização brasileira para adultos... Esses legisladores viajam para cima e para baixo, a maioria tem a esposa e a amante e tem dinheiro para gastar... Pra que eles vão pensar em nós pobres mortais que saímos de nossas cidadezinhas que não tem nada (como Mauá que fecha seus bares as 11 da noite) para irem ao Tucuruvi visitar seus amigos e botecar por lá... meu amigo são duas horas para chegar lá! Tenho que sair as 9 para chegar lá as 11! Ainda bem que não impuseram a medida besta de bares fecharem as 11 como Mauá.
Adorei a idéia de não fumarem em ambientes fechados, porque cá entre nós, chegar defumado em casa não é legal... que adianta por aquele perfuminho gostoso e aquela roupa limpa, sair cheiroso e chegar de manhã fedendo carvoaria! É terrível mas, acabei por ficar com pena dos fumantes. Aonde eles irão se reunir? Aonde eles poderão ter o prazer de seu cigarrinho?
Estamos mudando nossa forma de sociabilizar... Confesso que é progresso mas, e como faremos nós adultos agora? Não podemos beber livremente até a hora que quiser, não poderemos fumar nosso cigarrinho e tomar nossa cerveja se não for em casa...
Não poderei pegar meu carro e ser motorista porque me privaram o prazer do fuminho e da cervejinha? (eu não fumo pessoas mas, as vezes, da uma vontadizinha sabe? Prefiro narguile e cachimbo)
Nossos legisladores, em prol de algo maior destroem nossa cultura social...
Se antes, para criarmos relações no ambiente estudantil quando éramos jovens já era difícil, imagina agora? Isso porque quando eu era mais novo não tinha internet e vídeo game...Eu pelo menos ia para a rua, conversava com vizinhos, comprava cerveja escondido pra mãe não saber e dividir com os outros garotos da vizinhança. Eu tive uma infância e juventude socializadora... Mas e agora?
Sem poder convidar as pessoas para beberem até cair comigo e contarmos nossos segredos inconfessáveis, para fumar e falar mal da vida alheia ou dividir um momento de reflexão, ir no motel a pé porque se naquele jantar você entornar aquela garrafa de vinho com sua companhia (dois cálices de vinho) e for parado paga multa e vai em cana, enfim, deixamos de ter certas liberdades conquistadas por anos para um bem maior que nem é tão bem assim.
Vivemos sim uma liberdade vigiada... Em vez de nossos legisladores educarem as pessoas para não beberem em excesso, para o respeito mutuo de não fumar em ambiente fechado, pela educação poderíamos empregar essas pessoas que usam da bebida e do cigarro um trampolim para atender suas necessidades e acabam por fazer besteiras.
Todos bebemos por dois motivos: para comemorar ou para afogar mágoas. Direta ou indiretamente...e fumamos e usamos drogas pelo mesmo motivo.
A imprudência e o desrespeito não vem com o vício, e sim é criado, como uma erva daninha na mente da pessoa porque não consegue ver mais nada além daquele pequeno prazer momentâneo porque se olhar a realidade não vai ver nada a não ser dor e desespero.
Fumar é bom e beber também. Isso está longe do que buscam nossos legisladores impondo leis severas para educar... É o mesmo que apanhar de colher de pau quando criança para ter mais respeito. Que respeito criamos quando violamos o direito da pessoa de fazer o que lhe dá prazer mesmo que esse prazer prejudique outros? Cadê a liberdade, igualdade e fraternidade?
Eu sou a favor de todas essas leis, mas acho que a preocupação em estabelecer espaços culturais baratos (porque de R$ 60 a R$ 200 para ver uma peça é osso, um cinema básico vai embora R$ 50 e um passeio no Ibira vai pelo menos R$ 20 por causa do flanelinha para parar o carro – fora passagem quando tenho que ir para São Paulo que dependendo do lugar só pra chegar vai R$ 10!) empobrecem as mentes e qual é o meio mais barato? Comprar uma cachaçinha que varia entre R$ 3 e R$ 5.
Estamos cada vez mais distantes uns dos outros, poucos são os espaços para nos reunirmos, conhecermos gente nova, e qual o melhor espaço para conhecer pessoas interessantes? No inferninho cultural do vício, que emprega, que cria laços que faz pessoas casarem e descasarem...
Cadê os ônibus intermunicipais gratuitos de transportar bêbados? Cadê o metro atendendo toda a população de São Paulo? Cadê meus espaços de confraternização dos fumantes gratuitos? (fumódromos, vai quem quer porra!)
Cadê a educação de respeito nas escolas, nas casas? Cadê as leis que auxiliam a pessoa a ter uma vida digna com uma remuneração decente e uma linha de conforto?
Se agora esta assim, fico pensando e daqui a vinte anos?
Quero meu direito assegurado de ser junkie*, sem vergonha, fumante e bêbado!

* http://wikipedia.org/wiki/Junkie

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