Estou extremamente chateado e confuso com uma série de fatores. Em uma conversa descobri que tenho (e com grande assombro) que possuo o maior de todos os defeitos e o que eu mais combati na minha vida que é o de ser excludente.
Não que eu tenha esse defeito associado a minha personalidade, muito pelo contrario, eu tenho esse defeito dentro do meu coletivo, com as pessoas que eu mais me importo...
Sempre me senti com dificuldades de agregar ao “meu seleto grupo de amigos família” outras pessoas que com certeza engrandeceriam qualquer grupo, seja nas viagens que realizamos, nas reuniões de bagunça ou mesmo nas aventuras do dia a dia.
Tenho percebido que as relações fraternas estão se desgastando em virtude de vários fatores: o trabalho diferenciado de cada um, os desejos que mudam, a vida matrimonial ou dos namoros, e por fim, pela puro “entediamento” ( se é que posso usar ou exista essa palavra, se não acrescento no meu dicionário)
Sim, de tédio. Entediamos a nós mesmos com as mesmas besteiras, os mesmos assuntos desgastados e nos tornamos cada vez mais duros com os gostos e pessoas alheias a isso.
Agora que eu começo a entender o porque de eu achar o grupo maravilhoso mas nunca conseguir agregar alguém que nos ature como nos aturamos por tantos anos.
Não, não é falta de companherismo ou de cumplicidade, muito pelo contrario, é por pura falta de querermos mudar uns aos outros. Não deixamos de perceber o defeito de cada um, as chatices renitentes, as intransigências mas não fazemos nadapela simples preguiça de discutir. O medo de não ter a pessoa ali ao seu lado é maior do que agüentar os desmandos, as coisas erradas e as opiniões errôneas que cultivamos ao nosso bel prazer.
Tenho medo de me tornar solitário porque deixei de entender o simples: é como eu ouvi “amizades de infancia” mesmo que isso seja para uma pessoa que tenha conhecido por apenas algumas horas.
O crime, é achar que o que é meu é melhor. De criticar pessoas que gostam de ser simples, que não gostam de política, gostam de Big Brother por achar interessante, por gostarem de axé e pagode e comprarem cds piratas de funk porque gostam E EU ACHAR TUDO ISSO UM LIXO! Eu estou errado.
Já escrevi uma vez sobre a vida inteligente na beleza, mas esqueci que existem belezas diferentes, inclusive é ser belo entender os gostos, mesmo que não te agradem. Magoamos as pessoas, deixamos de nos aproximar delas porque simplesmente não as entendemos, e o que é pior, não querer entender. E eu navego por esse caminho, e é difícil reconhecer isso. Sinceramente meus atos depõem sobre tudo que eu já escrevi a respeito da convivência humana... e nunca tinha percebido isso. Eu nunca me senti tão mal até agora, e acho que está na hora de voltar aos bons hábitos e cultivar o que acabei entendendo, e gente, não tem nada de fácil. De tentar mais uma vez agregar pessoas e brigar por elas, mesmo que eu tenha que deixar de compartilhar coisas e perder bons amigos (se bem que se são amigos, nunca você perde, cria afastamento). Curiosamente eu já fiz isso e não tinha percebido.
Eu sempre achei que esses afastamentos eram por falta de interesse deles; e na verdade é das pessoas que estão ali e não das que chegam, para mostrar que há muito mais do que isso, que há muito mais do que nós e nossos gostos, nossos desmandos, nossas intrigas sem fundamento – e eu lá alimentando tudo isso.
Cruel, cruel perceber isso. Desculpem-me pessoas se eu alguma vez fui excludente ao estar em grupo. Não é de meu feitio e estou trabalhando para que nossa inteligência coletiva, se torne mais coletiva e mais pessoas pensantes agreguem meu mundo ao delas e o delas ao meu, mesmo que por uma tarde eu tenha que aprender a gostar do que eu odeio (e matar os pré conceitos que eu construí e que alimento), nem que com isso eu arrume briga com todo mundo – e é o que vai acabar acontecendo – para poder voltar ao espírito que tínhamos antes...
Fomos um grupo de pessoas que de certa forma não se enquadraram nos padrões, mas eu pergunto: Porque excluir as que estão dentro do padrão? Porque não deixar que cada um ouça, fale e pense do jeito que quiser? E porque criticamos tanto? Será medo ou uma puta inveja?
Vou descobrir, ou ficarei sozinho tentando...

3 comentários:

  1. Nós, pobres pessoinhas do século XXI, sofremos por dois motivos básicos: não somos assim tão livres dos nossos instintos primitivos, e nem somos assim tão evoluídos intelectualmente pra perceber certas nuances (politicamente corretas, ou só "legais"?) para convivência em grupo. É tendência natural ser seletivo, aprendemos isso ao mesmo tempo em que aprendemos a caçar mamutes. E é péssimo passar por essa seleção. Estamos prontos para seleção de emprego, provas na escola, teste na escolinha de futebol. Mas, e no resto?
    I love it.
    B.

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  2. "Porque não deixar que cada um ouça, fale e pense do jeito que quiser? E porque criticamos tanto? Será medo ou uma puta inveja?"

    Nem todo mundo está pronto para reconhecer que o rio que corre pela sua aldeia não é mais belo que o Tejo. Jamais te vi com esta postura, talvez porque nossas arrogâncias sejam parecidas. Há os arrogantes briguentos que mimadamente querem se impor sempre. Eu, quando estou diante de um trouxa, generosamente o deixo ter razão. Não vou gastar meu santo latim com quem não quer/sabe me ouvir. Quantas vezes não ouço "Vc não fala" e respondo em pensamento "Vc não poderia me ouvir com muia sorte iria escutar"

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